Natura: a empresa do ano

 

“Em meio à maior crise das últimas décadas, a Natura teve a coragem de se reinventar. E, desde então, não parou de crescer.”

Essa é a capa da revista Exame nº13, de 15/07/2009, que traz o presidente da empresa, Alessandro Carlucci na capa.

Comecemos por ele.

Carlucci tem 43 anos e está na Natura desde que se formou em administração de empresas pela GV, há 19 anos. Ele é visto quase que como uma celebridade pelos funcionários, querido e admirado. Uma das pessoas entrevistadas pela revista diz que ele respeita o trabalho dos funcionários porque passou por vários cargos dentro da empresa. Sem dúvidas isso é algo importante para uma empresa prosperar – desde que trabalhado no seu lado positivo.

A Natura tem 40 anos de experiência e dá mostras de que passou – muito bem, obrigado – pela maior crise desde sua fundação. Somando-se as vendas da marca dentro e fora do Brasil, a empresa teve um faturamento de 4,9 bilhões de reais no ano passado, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior, gerando um lucro de 542 milhões de reais. Quase 70% das vendas são de produtos lançados nos últimos 2 anos, e a Natura cresceu 49% em cinco anos.

94% da receita da Natura vem do mercado interno, refletindo, apesar da crise, a expansão do mercado consumidor no Brasil, impulsionado, inclusive, pelo aumento da classe C. Some-se a isso o seguinte fator: em tempos de crise, uma pessoa deixa pra lá a compra de um imóvel, de um carro, mas passa a comprar mais bens de consumo menos onerosos que elevem sua auto estima. Sempre disse que se tem uma área que sofre muito pouco em tempos de crise é a dos cosméticos! A reportagem menciona ainda o Índice Batom, criado pela americana Estée Lauder, que relaciona recessão e aumento do consumo de produtos de beleza.

A Euromonitor prevê aquilo que a gente já esperava: o Brasil deve tornar-se, em 2011, o 2º maior consumidor de cosméticos e produtos de higiene, atrás apenas dos Estados Unidos.

O que isso mostra?

Isso mostra o quão promissor é esse mercado no Brasil. A principal concorrente da Natura, a Avon (o mercado brasileiro é prioridade para a matriz, pois ocupa o posto de 2º mercado de vendas e o 1º em crescimento de lucratividade), aumentou em 40% seus investimentos no país entre 2005 e 2008 (ontem, quando eu passava pela sala, me chamou a atenção da propaganda do Renew na novela da 19h da Rede Globo, quando uma revendedora vendia o produto a uma das personagens que estava maravilhada). Em contrapartida, a Natura pretende  investir 400 milhões de reais em marketing entre 2008 e 2010.

Está aí uma grande oportunidade para as marcas nacionais expandirem seus horizontes, oferecendo produtos que, pelo menos sejam de qualidade igual à das maiores marcas mundiais. Natura tem muito o que melhorar, e Avon, então, nem se fala. Seria muito interessante se marcas brasileiras fossem capazes de fazer pelas brasileiras o que a MAC faz pelas canadenses por exemplo. Teríamos, então, uma rede de vantagens que se espalharia em mão dupla, entre empresa e consumidor e, porque não dizer, para a comunidade como um todo, através de ações de responsabilidade social efetivas.

As empresas têm a faca e o queijo na mão em matéria de mercado disponível para trabalhar; os consumidores têm a faca e o queijo na mão em matéria de exigir melhores produtos.

É isso.

Bjoca.

(Todas as informações deste texto foram retiradas da reportagem da revista Exame cujos dados aparecem no início deste post.)